Abordar a questão étnico-racial não é tarefa
fácil. O racismo já foi mais escancarado, mais aberto, hoje em dia ele está
mais camuflado, escondido, mas não há dúvida que continua a existir, é o
racismo institucionalizado. Esse tipo de racismo se apresenta através do
preconceito, do comportamento, das atitudes que colocam os negros em
desvantagens em relação aos brancos.
O racismo está presente na sociedade
brasileira de forma óbvia, o racismo institucional aparece de várias formas,
uma delas é como determinados grupos são tratados de forma diferenciada por
instituições públicas e privadas somente por
causa de suas características culturais , físicas e de cor. Na verdade
este racismo está embutido em nossa sociedade, tão mascarado que temos a
sensação que aqui quase não existe preconceito. E devemos falar também do
racismo invertido, que ao contrário do outro tipo de racismo difere desse por
ser uma reação a discriminação dos brancos. As desigualdades raciais e de
gênero são históricas, envolvem inferioridade e superioridade entre grupos,
decorrem muito da escravidão, onde os negros eram tratados como coisas,
objetos, sem direitos, propriedade dos homens brancos, existindo apenas para
servi-los. Não dá para negar que a raça é um fator de desigualdade, embora se
tente camuflar esse fator, negando-se a importância da raça. O Brasil teve a
sua formação baseada na escravidão, foi onde surgiram as praticas racistas que
ainda hoje continuam a existir.
Abordar a questão étnico-racial não é tarefa
fácil. O racismo já foi mais escancarado, mais aberto, hoje em dia ele está
mais camuflado, escondido, mas não há dúvida que continua a existir, é o
racismo institucionalizado. Esse tipo de racismo se apresenta através do
preconceito, do comportamento, das atitudes que colocam os negros em
desvantagens em relação aos brancos.
O preconceito racial se solidifica, interioriza-se por gerações,
as transformações sociais, a era tecnológica e todo o progresso da humanidade,
não são capazes de eliminá-lo. Talvez o preconceito seja algo inerente ao ser
humano e prevalece até hoje porque encontra eco, nos teóricos e nos escritos
sobre o assunto. Ele continua latente, resistente e nos deparamos com ele a
todo o momento.
A teoria de Darwin assumiu
várias formas e interpretações ao longo do tempo, e no Brasil também ocorreu
esse fenômeno, indivíduos e grupos se apropriaram do conceito da teoria
evolutiva.
As novas teorias
surgiram no Brasil em uma época importante da nossa história, na época da
criação da lei do ventre livre, indicando que o caminho do futuro seria com
negros livres, mas um futuro que não havia pensado em como inserir esses homens na sociedade, como
aproveitá-los, afinal a que lugar eles pertenciam? O Brasil estava se tornando
um país miscigenado e se o branco era, segundo essas teorias, superior ao negro
e ao índio, isso acabaria sendo um problema porque tornaria a raça impura,
degenerada, o que não era bom para o
progresso da nação, essa era uma teoria defendida por alguns cientistas e
teóricos. A teoria de Darwin assumiu várias formas e interpretações ao longo do tempo, e no Brasil também ocorreu esse fenômeno, indivíduos e grupos se apropriaram do conceito da teoria evolutiva. Podemos dizer que a teoria da evolução de Darwin abre caminhos para
que se construa uma nova imagem de miscigenação. A partir dessa teoria
evolucionista salientou-se a ideia de que as raças humanas estavam em constante
evolução, não estavam estagnadas.
Partindo desse olhar,
acabaríamos por ter uma raça que cada vez mais iria embranquecer, pois a raça
branca era superior, assim aconteceria o branqueamento natural da população. Não
há dúvida de que o Darwinismo social surgiu para tentar explicar a
superioridade de uma raça em relação a outra, essa tese inclusive foi usada por
muitos governantes para justificar seus domínios sobre outro povos,
considerados inferiores e atrasados, aumentando assim o preconceito
principalmente contra os povos asiáticos e africanos. A teoria Darwinista
acabou distorcida e convertida em idéias que justificavam a superioridade de
alguns segmentos da sociedade em detrimento de outros, por exemplo, ricos superiores
a pobres, brancos superiores a negros, o mais forte superior ao mais fraco, uma
interpretação que serviu como base para o racismo e o preconceito se espalharem
e infelizmente influenciarem o pensamento de grande parte da população.
Uma das provas de que
se queria o branqueamento da população foi a imigração de europeus para o nosso
país, recebiam incentivos para vir pra cá, imaginava-se que com o passar dos
anos eles conseguiriam branquear a população. As idéias ficam no inconsciente
coletivo, fazem parte da nossa história. Não dá para negar que todas essas
idéias e teorias influenciaram, e muito, a questão do preconceito racial nos
dias de hoje, fomentaram o ódio e a violência, em todos os tipos de racismo
existentes. Como foi falado anteriormente o racismo existe de forma velada,
mais camuflada, mas ainda existe, o negro sempre foi marginalizado e tratado
como ser inferior, a disparidade social e econômica que existe em relação ao negro só serve para
confirmar, o quão distante ainda estamos de uma sociedade livre de
preconceitos.
Mariene Hildebrando de Freitas
Advogada, professora e especialista em Direitos Humanos
Email: marihfreitas@hotmail.com