quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ditadura Militar

Ditadura- 50 anos: Recordar o mal gerado  e não comemorar

  Em 31 de março de 1964 tinha início no Brasil o período mais triste da nossa história. Através de um golpe militar que depôs o presidente João Goulart , teve início  um regime ditatorial que acabou com o Estado Democrático de Direito. De 1964 até 1985 fomos governados por militares. Se Instalou o terror, a repressão, a censura, mortes, desaparecimentos, direitos políticos cassados, nenhuma liberdade de expressão, direitos constitucionais  suprimidos,falta de democracia, perseguição a quem se opunha ao regime militar. Foi o AI-5 ato institucional nº5 baixado em 1968 que vigorou por 10 anos que deu poderes quase ilimitados aos militares. Um ato que dava plenos poderes ao presidente da república e que fortalecia a censura e a repressão. Início dos chamados “Anos de Chumbo”!  Esse ato proibia por exemplo o habeas corpus a presos políticos, quando eram presos ficavam a mercê  dos militares, pelo tempo que quisessem e como eles quisessem.
            Sabemos que as violações aos direitos humanos são anterior a ditadura militar, mas nesse período essas violações se intensificaram e tomaram um rumo terrível. O total desrespeito as leis. O Estado fazendo a lei valer apenas para o povo. Direitos vilipendiados, as vozes caladas, pessoas que desapareciam sob a égide do regime militar.  A falta de democracia e a supressão dos direitos básicos do cidadão. O medo da classe conservadora de que nos tornássemos socialistas, o medo do comunismo se instalar. Sufoca-se a voz do povo, e implanta-se um regime que é baseado na doutrina de segurança nacional, que contraria todos os princípios democráticos.
            Nesses 21 anos milhares de brasileiros sofreram  com as violações dos direitos humanos. Foram detidos, torturados e mortos, alguns desapareceram, os direitos básicos e as liberdades não mais existiam.  Fomos governados por mentes doentias que mantinham centros de tortura onde submeteram centenas de pessoas, entre elas crianças a todo tipo de humilhação física e psicológica. O projeto Brasil Nunca Mais foi, realizado clandestinamente entre 1979 e 1985 e organizou uma  importante documentação sobre a ditadura no Brasil. Constam nesse documento, nomes, locais de torturas, informações sobre pessoas desaparecidas, torturadores, torturas,pessoas assassinadas, etc. Algumas das sevícias e violências utilizadas para torturar brasileiros(as) com o aval do Estado, (consta no livro Brasil Nunca Mais, Ed. Vozes) incluía:
Coações morais e psicológicas
- Ameaça de violação sexual, ameaça de afogamento, ameaça de cortar orelha ou de cortar seios, cuspes no rosto, danças com urnas mortuárias;
Coações físicas
- Pontapé, pancada nos lábios com mangueira, palmatória, choques elétricos, murros, sevícias, tortura na frente de familiares, ácido no corpo;
Violência sexual
- Estupros coletivos, introdução de objetos no ânus (velas, baratas e bastões de choque), órgãos genitais furados com agulha, esmagamento de pênis e testículos;
Castigos com instrumentos
- Alicate para apertar e arrancar as unhas, cortes com giletes, marteladas nas juntas do corpo, queimadura de cigarro e com maçarico, canivete por baixo das unhas;
Tortura com aparelhos mecânicos
- Corda amarrada no pescoço e nos testículos, pau de arara, suspensão pelos pés com os braços suspensos, suspensão pelos punhos com argolas, braços amarrados para cima nas grades;
Tortura com aparelhos elétricos
- Cadeira do dragão (cadeira de madeira com assento metálico para aplicação de choques elétricos), choques elétricos no ânus, seio e vagina;
Tortura contra sinais vitais
- Afogamento, asfixia, esponja de água na boca, sal grosso na boca;
Torturas complementares
- Água e sal para piorar o choque, ambiente gelado depois de uma sessão de espancamento, injeção de éter, sabão nos olhos;
- Uso de baratas, ratos e cobras para amedrontar a vítima, ingestão de fezes, urina e água da privada. (
http://bnmdigital.mpf.mp.br/#!/pesquisar-no-acervo)
            Pergunto-me, há o que comemorar?  Passados 50 anos o que realmente mudou? Este herança de violência e a ausência de punição  ainda perdura no país, principalmente na área  da justiça e segurança pública. Relembrar para não esquecer, e tomar consciência de que só nós é que podemos mudar o que não está bom. A democracia pressupõe o respeito e a proteção aos direitos humanos. Percebemos então que há muito a ser feito.  Superar as injustiças, trabalhar para termos uma sociedade que supere as desigualdades e que priorize a liberdade e a justiça, promovendo uma estrutura social que não seja opressora e muito menos exploradora. É fato que o regime militar aprofundou e gerou mais desigualdades sociais em todas as áreas, e que aqueles que nos representam na verdade o fazem em nome do poder econômico e de interesses pessoais. Representam na maioria das vezes a si mesmos ou aqueles que os ajudaram, ou “apadrinharam” na campanha política, não por ideologia ou convicção, infelizmente, mas porque trará vantagens.
             Não vamos generalizar, alguns realmente estão preocupados em construir uma sociedade mais justa e solidária. Esse, aliás, é um dos objetivos do Estado. Mas em um país onde a grande maioria do povo, não sabe quais são os seus direitos, fica difícil de  vislumbrar uma sociedade equilibrada e sem tantas desigualdades.. Nosso exercício de cidadania inclui nossos direitos políticos, o que nada mais é do que participarmos de forma ativa do governo de nosso país, seja votando, sendo votado ou dando nossa opinião sobre o governo que nos representa. Chamamos a isso de Direitos Cívicos, (Jus civitatis). Promover a paz e a justiça não é dever só do Estado. A cultura da paz, das liberdades, é responsabilidade de todos aqueles que lutam por um país melhor, onde haja respeito aos direitos fundamentais básicos. O período triste e cruel da nossa história, será para sempre lembrado, (não comemorado), entendam, mas que isso sirva para não repetirmos os mesmos erros. Não cometermos os mesmos atos de violência contra os direitos humanos fundamentais, contra a democracia. Relembrar é  uma forma de mostrar que estamos atentos e não permitiremos que a história se repita, estamos dizendo que: ditadura NUNCA MAIS!
Mariene Hildebrando
Professora e especialista em Direitos Humanos

domingo, 27 de abril de 2014

Exploração Sexual



Via #CarinhodeVerdade
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorrem no Brasil, por ano, cerca de 100 mil casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Mas menos de 20% desses casos chegam ao conhecimento dos órgãos encarregados de tomar providências.
Se você sabe ou suspeita de algo, #Denuncie#Disque100 ou procure o #ConselhoTutelar.

#Disque100 #ProtejaBrasil
#NãoaViolência #Euprotejo
#VoceProteje

Aplicativo Proteja Brasil ajuda a localizar serviços de defesa à criança e ao adolescente



http://youtu.be/vmaudGkIa-0


Via Conselho Nacional de Justiça

Via Conselho Nacional de Justiça

Acesse a Constituição Federal e saiba mais: http://bit.ly/1bJYlGL.
#ConstituicaoFederal

Registro civil de nascimento para os povos indígenas


Foto e reportagem de Direitos Humanos Brasil- https://www.facebook.com/direitoshumanosbrasil
Lembrando que amanhã a SDH/PR lançará a Cartilha sobre Registro Civil de Nascimento de Povos Indígenas, em parceria com a Funai-Fundação Nacional do Índio. É o Brasil caminhando para que todas as crianças sejam registradas e tenham seus direitos garantidos. 
Você sabia que em 2002 o Brasil registrava uma taxa de 20,3% de brasileirinhos de 0 a 10 anos sem certidão de nascimento?Felizmente o índice já caiu para 6,7% em 2012 e a previsão é que chegue a menos de 5% até o final de 2014.

Este ano as ações priorizarão o registro de nascimento indígena, sempre em parceria com a Funai-Fundação Nacional do Índio. Campanhas, mutirões para a emissão do documento e sete oficinas de capacitação de agentes públicos serão realizadas.
As oficinas acontecerão em 49 municípios de cinco estados, atendendo a 68 etnias, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do país, que apresentam maiores índices de sub-registro.

Para atender essas capacitações a SDH/PR lançará na próxima segunda, em parceria com a Funai, a Cartilha sobre Registro Civil de Nascimento de Povos Indígenas. A ministra Ideli Salvatti e a presidenta da Funai, Maria Augusta Assirati, participarão da solenidade.

Defensor de direitos humanos é cada vez mais criminalizado no País, diz estudo

IG- Último segundo/Política

Relatório que será lançado em maio abordará ainda as formas encontradas pelo Estado para enquadrar os movimentos sociais

A criminalização de movimentos sociais e de ativistas de direitos humanos no Brasil é crescente e as políticas adotadas pelo próprio governo não foram suficientes para barrar este processo nos últimos quatro anos. Esta é a principal conclusão do relatório “Na Linha de Frente – Criminalização dos Defensores de Direitos Humanos no Brasil”, que será lançado no próximo mês pela organização Justiça Global.
O documento analisa as ameaças, assassinatos, prisões, e outras formas encontradas pelo Estado, quando demandado por setores mais conservadores, para desqualificar a luta em defesa dos Direitos Humanos no período entre 2006 e 2012.
Para a coordenadora da organização, Sandra Carvalho, embora o documento trate de fatos ocorridos até 2012, o processo de criminalização se radicalizou ainda mais nos últimos dois anos, já que os grupos vulneráveis citados no estudo permaneceram perseguidos e outros conflitos se somaram. “O que a gente percebe é que os conflitos citados no documento não foram solucionados e mais problemas surgiram”, ressalta Sandra Carvalho.
Entre as violações citadas no texto está o conflito indígena no sul da Bahia envolvendo o povo Tupinambá. O mais recente episódio deste conflito foi a prisão do líder indígena Rosival Ferreira da Silva, conhecido como Cacique Babau, que se entregou à Polícia Federal na quinta-feira (24). Ele seria recebido pelo papa Francisco, em Roma, para falar da luta pela terra do povo Tupinambá, mas foi impedido de sair do país devido a acusação de ter participado do assassinato de um pequeno agricultor, fato negado pelo cacique.
“Um exemplo de resistência política é a luta travada pelos Tupinambás, no Sul da Bahia, para garantir o direito às suas terras, cultura e, até mesmo, identidade indígena. Esse povo tem sido vítima de um forte processo de criminalização, que envolve latifundiários, Polícia Federal, poder público e os meios de comunicação”, aponta o texto.
“O acirramento de violências contra este povo vem se dando desde que o relatório de identificação e delimitação da Terra Indígena Tupinambá, elaborado por um grupo técnico de trabalho constituído pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em cumprimento à Constituição Federal, ao Estatuto do Índio e ao Decreto 1775/96, foi publicado em 1996. Desde então os Tupinambá têm sido intenso alvo de acusações, ameaças, tentativas de homicídio, além de sofrer uma forte campanha discriminatória por parte da classe política e econômica local, que historicamente invade e destrói a Terra Tupinambá”, descreve o relatório ao qual o iG teve acesso.
Entre os casos apontados, estão os atos violentos contra contra comunidades tradicionais atingidas por grandes empreendimentos na Amazônia e no Nordeste brasileiro. Neste contexto, o documento analisa os conflitos no Pará, produzidos pela intensa atividade mineradora, a luta do povo Truká pela recuperação de seu território e contra a transposição do Rio São Francisco, obra prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. O documento também relata a violência contra o povo Guajajara no Maranhão.
Na região Sudeste, o documento também relata, entre outros casos, o processo de criminalização de pescadores do município de Magé, localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro, contrários a empreendimentos da Petrobras.Neste caso, o relatório detalha o caso de Alexandre Anderson de Souza, que é presidente da Associação de Pescadores de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR) e foi incluído, junto com sua esposa Daize Menezes de Souza, no Programa Nacional de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em 2009, depois de repetidas ameaças e atentados contra a sua vida.
“A instalação dos dutos da Petrobrás inviabiliza a pesca artesanal, deixando os pescadores sem condições de trabalho e ou de se manter através dessa atividade econômica”, destaca.
Confira alguns dos principais pontos do relatório:
Formas mais comuns de criminalização de movimentos socais no Brasil
O relatório “Na Linha de Frente – Criminalização dos Defensores de Direitos Humanos no Brasil”, que será lançado no próximo mês pela organização Justiça Global mapeia as principais práticas de criminalização às quais os defensores de Direitos Humanos no Brasil são submetidos.
Desqualificação: Busca distorcer os sentidos e objetivos das demandas, discursos e práticas de determinados indivíduos ou grupos sociais, de modo a promover a sua difamação pública.
Invisibilização: Processo pelo qual se oculta a demanda, contexto social ou quaisquer manifestações de indivíduos ou grupos sociais, de modo a evitar que conquistem publicidade perante a sociedade, mídia ou instituições estatais.
Inferiorização: Estratégia que atinge indivíduos ou grupos sociais ao reduzir ou ignorar completamente a legitimidade de sua alteridade, historicidade, dignidade, diferenças culturais ou prática social.
Não-reconhecimento de direitos: Ocorre quando determinado grupo não tem na lei o reconhecimento de seus direitos. É o caso das violações cometidas contra a população LGBT que, apesar de não ser proibida por previsão penal a diversidade de gênero e de orientação sexual, esse segmento tem restringido o seu reconhecimento na medida em que diversos direitos previstos para relações de base heterossexuais.
Omissão: Decorre da falta de ação do Estado em vista de contexto de recorrente, flagrante ou iminente violação de Direitos Humanos contra indivíduos ou grupos sociais.
Cooptação: Estratégia de aliciamento de indivíduos ou grupos sociais, através de do oferecimento de vantagens políticas ou financeiras, para dissuadi-los, dividi-los ou exercer controle hierárquico de suas demandas.
Despolitização/individualização: Consiste em retirar o aspecto político de determinada luta social, ao individualizar a responsabilidade. Ocorre quando se atribui a um único indivíduo o interesse por demandas que são da coletividade.

Brasil e Argentina iniciam troca de informações sobre violações aos Direitos Humanos



por Portal BrasilPublicado24/04/2014 20:24Última modificação25/04/2014 16:10
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Ideli Salvatti, abriu nesta quinta-feira (24), em Brasília, da 1ª Reunião de trabalho sobre o Memorando de Entendimento entre a República Argentina e a República Federativa do Brasil para o Intercâmbio de Documentação para o Esclarecimento de Graves Violações aos Direitos Humanos.
“Essa cooperação será extremamente preciosa para o Brasil, especialmente para os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, que deverá concluir suas atividades no final deste ano. Para tanto, é fundamental elucidarmos o maior número de fatos ocorridos neste período, para que nunca mais se repitam”, afirmou a Ministra Ideli, destacando a importância do esclarecimento dos fatos e das grandes violações aos direitos humanos ocorridas no Brasil e na América do Sul, durante a ditadura militar.
Presente no encontro, o diretor de Direitos Humanos do Ministério das Relações Exteriores e Culto da Argentina, Federico Villegas, lembrou que o Cone Sul foi palco de muitas violações de direitos humanos. “A busca da verdade no Brasil vai ter capítulos na Argentina e a verdade na Argentina vai ter capítulos no Brasil. Essa parceria é muito importante para que possamos avançar cada vez mais na reconstrução da história”, afirmou.
Memorando
Em 29 de janeiro de 2014, no âmbito da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), autoridades do governo federal do Brasil e da Argentina assinaram o Memorando de Entendimento para o Intercâmbio de Documentação para o Esclarecimento de Graves Violações aos Direitos Humanos.
O Memorando estabeleceu um marco jurídico e institucional para a cooperação do Brasil com a Argentina, com vistas ao resgate da memória e da verdade sobre direitos humanos. No Brasil, o acordo deverá auxiliar as atividades da Comissão Nacional da Verdade.
Para a Argentina, a autoridade competente será o Ministério das Relações Exteriores e Culto, em coordenação com a Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Direitos Humanos. Para o Brasil, o órgão responsável será a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República(SDH/PR), em coordenação com o Ministério da Justiça (MJ) e com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Na SDH/PR, as áreas responsáveis serão a Assessoria Internacional e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. No MJ será a Comissão de Anistia; e no MRE será o Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais.

Fonte: