domingo, 1 de dezembro de 2013

Vamos praticar a tolerância? (Aceitar não é concordar)

Vamos praticar a tolerância?
(Aceitar não é concordar)
 O Significado de “tolerância” está alicerçado na Declaração de Princípios sobre a Tolerância, que diz :
            Art.1º A tolerância é o respeito, a aceitação e a apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz. Baseado nesse artigo, podemos afirmar que a tolerância está ligada aos direitos fundamentais básicos, que nada mais são que os direitos universais. Sendo assim está intimamente ligada aos direitos humanos, uma vez que é o que dá a base desses direitos. Ser tolerante não é aceitar tudo, nem concordar com tudo simplesmente. Tolerar é ter respeito pelo que é diferente, por outras opiniões, é entender que posso ter minhas ideias e que o outro tem essa mesma liberdade de se expressar e de agir, sem que com isso eu deva me sentir ofendido. Não é aceitar injustiças e sim compreender o outro, praticando a alteridade, me colocando no lugar do outro e entendendo que a diversidade é saudável. Não posso praticar a tolerância achando que sou melhor, que aceito e entendo o outro e suas escolhas por que ele é inferior a mim. Não devo encarar isso como um ato de benevolência como fazem alguns.
            Como diz a carta de princípios sobre tolerância, “a tolerância não é concessão, condescendência, indulgência” Não é privilégio de alguns, mas sim, faz parte da vida das pessoas, da sociedade como um todo. O Estado tem o dever de proteger as liberdades fundamentais da pessoa humana e seus direitos, como liberdade  de se expressar livremente, seu direito de escolha, de credo, seus valores, as diversidades que fazem parte de cada pessoa. O respeito às diversidades, seja de que tipo for, não implica em aceitar que as desigualdades sociais e econômicas continuem fazendo mais miseráveis, mais pessoas passando fome, desempregadas, ricos mais ricos e pobres mais pobres.  Não podemos permitir sermos tolerantes com essa desigualdade que é opressora e que cada vez mais se torna excludente, na medida em que põem a margem outros grupos sociais menos favorecidos. A palavra chave que define Tolerância é respeito. Respeito ao diverso, a posturas, crenças, ideias, modo de viver, respeito às escolhas individuais, ainda que seja totalmente diferente daquilo que acreditamos ser o certo. Ao contrário, a intolerância, não respeita, é intransigente, não admite opiniões divergentes, é a incapacidade de aceitar a posição do outro e achar que somente  nós estamos certos e com a verdade.
            Existe uma parábola que conta  que um pregador reuniu milhares de chineses para falar-lhes sobre a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse não é a verdade”. O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Anunciei o que me foi revelado pelos céus!” O objetante retrucou: “Existem três verdades: A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira”.
            O intolerante acredita que a verdade correta é a que ele defende. Muitos conflitos poderiam ser evitados não fosse a intolerância. Graves desrespeitos aos Direitos Humanos, guerras de todos os tipos, a intolerância religiosa, motivo de tantos conflitos pelo mundo, a intolerância política, étnica, racial, territorial, cultural e outras tantas que existem. A falta de tolerância no mundo e a que nós mesmos cometemos às vezes, é algo cruel. Como podemos achar que só nós temos razão e estamos certos e levarmos essa crença as raias do ódio e da violência como acontece de vez em quando? Queremos que o outro pense e aja como nós e nos tornamos os donos da verdade. Isso também é uma forma de agressão. A intolerância nos leva a crueldade, a prova disso está na história, está no noticiário, no nosso dia-a-dia.
            É assustador pensar que podemos causar tanta dor e sofrimento aos outros simplesmente porque não conseguimos aceitar que existem outras formas de agir, de pensar, de ser e estar no mundo que não seja a nossa. Todos os tipos de ideias, opiniões, gostos, posturas e escolhas podem e devem coexistir pacificamente. Uma das formas de diminuirmos a intolerância no mundo e na vida das pessoas é a educação. Já se disse que ela é a “ arma para mudar o mundo” e acredito muito nisso. A educação ensina que o respeito e a tolerância são fundamentais, retira o véu da ignorância e nos ajuda a superar as diferenças. Está comprovado que as nações mais desenvolvidas e que tem um melhor nível educacional são mais tolerantes com as diferenças.

            Quando aceitamos algo não precisamos necessariamente concordar, e quando discordamos não precisamos ser intolerantes e agressivos. A mudança começa por nós, é individual. Ser intolerante acontece com a gente às vezes, mas podemos mudar isso, estamos aprendendo aos poucos, vamos exercitar isso nas nossas vidas, nas situações diárias que se apresentam. Mudando atitudes e colocando mais amor nas nossas vidas, por nós e pelos outros.    Vamos usar a educação para superar a ignorância, para ensinarmos aos nossos jovens a fazer diferente, a pensar diferente, superando a intolerância. O conhecimento pode fazer isso. Nós como educadores devemos fazer parte disso, temos o dever de educar para as mudanças que queremos ver.