O Brasil é considerado um país jovem, por
isso precisamos conhecer quais são as necessidades dos nossos jovens
adolescentes e focar as nossas políticas públicas para esses jovens que se
encontram em um meio termo, quando se trata de atender as suas necessidades.
Priorizamos a infância e a juventude pós-adolescência, ou seja, o adulto jovem.
Quando se trata de inserção social, ficamos devendo muito a essa faixa etária,
eles correm ainda muitos riscos, e, em face a essa vulnerabilidade, ficam
expostos ao desemprego, à violência, sem
rumo acabam sendo vítimas fáceis das iniqüidades sociais.
Sabemos que no Brasil mais de 30 % dos
adolescentes vivem em situação de pobreza, e dentro desse percentual a maioria
é da raça negra. Além do fator econômico, temos a raça, a cor, a etnia, a
renda, a região onde moram, etc. As políticas públicas são insuficientes para
garantir o mínimo que nossos jovens precisam para atuarem de forma digna na
sociedade.
Educar e capacitar nossos adolescentes,
habilitando-os para lidar com as situações e mudanças que vem ocorrendo,
principalmente frente a globalização. Muni-los de ferramentas para que possam
conquistar uma vida digna, exercendo sua cidadania, sentindo-se parte do
coletivo, inserido, trabalhando, ganhando seu sustento, e não a deriva como um
barco sem leme, protegendo e apoiando, criando um ambiente propício para que
possam atuar de forma concreta na sociedade.
Se analisarmos os diferentes conceitos de
justiça frente ao quadro da situação de nossos adolescentes, veremos que muitas
injustiças são cometidas. Se a vincularmos como correção dos erros cometidos,
tentaríamos reparar uma situação que aqui poderia ser o abandono de nossos
jovens, ou políticas pouco representativas no intuito de inseri-los na
sociedade de maneira eficaz.
Em um enfoque mais positivo, concebendo a
justiça como virtude, devemos dar a cada um o que é seu por direito, aqui, dar
a nossos adolescentes condições para se desenvolverem de maneira digna,
priorizando a educação, investindo e qualificando-os, protegendo contra a
miséria, a fome, a violência, a falta de perspectivas, tirando-os do abandono
em que se encontram.
A concepção de justiça que diz que as
pessoas devem receber aquilo que lhes é devido como uma questão de direitos nos
faz crer que nossa juventude deve esperar mais de seus representantes, mais
trabalho, dedicação, mais chances de desenvolvimento, melhoras na qualidade de
vida, atenção por parte de seus governantes com efetivo trabalho de base, que
resgate a esperança de nossos jovens em um futuro melhor.
A adolescência é uma fase de grandes
mudanças para o jovem, tanto psíquica quanto somática, mudanças externas e
internas que acontecem juntas com as transformações que ocorrem no mundo. As
mudanças ocorrem de forma vertiginosa e os governos precisam estar atentos as
novas necessidades que vão surgindo. A política para a adolescência ainda é
incipiente e omissa, mesmo tendo um estatuto da criança e do adolescente (ECA)
que reconhece a criança e o adolescente como cidadãos, ainda estamos longe de
realmente aplicar as medidas protetivas e sócio educativas presentes no
estatuto.
O exercício da cidadania passa pela
educação, todos devem ter acesso a escola, a uma boa alimentação, a uma
infância com lazer, a moradia, emprego, saúde, à proteção contra a violência,
melhor qualidade de vida, acesso a políticas públicas de qualidade, que
permitam ao jovem fazer parte do mercado de trabalho, se tornar um ser atuante,
participativo, produtivo e inserido no mundo. Devemos tirar nossos jovens das
ruas, tirando-os da situação de vulnerabilidade em que se encontram, expostos a
todo o tipo de violência e exploração, criando oportunidades e ambientes que
favoreçam a troca de experiências e a socialização.
Mariene Hildebrando de Freitas
Advogada , professora e especialista em Direitos Humanos
Email: marihfreitas@hotmail.com