G1 Mundo
Agência EFE
Um Tribunal de Pequim condenou neste domingo (26) Xu Zhiyong a 4 anos de prisão por "alteração da ordem pública". Xu, 40 anos, é um proeminente advogado que luta pelos direitos humanos na China e fundador do movimento civil 'Novo Cidadão', que pede transparência ao Governo.
Xu Zhiyong, em foto de 30 de março de 2013. (Foto:
Xiao Guozhen/Handout via Reuters/Arquivo/Reuters)
A sentença, anunciada pelo Tribunal Intermediário Número 1 de Pequim, chega depois do julgamento realizado na quarta-feira contra Xu, no qual o ativista guardou silêncio como protesto pelas condições nas quais aconteceu a audiência, para a qual não lhe deixaram convocar as testemunhas que ele pedia e que aconteceu a portas fechadas e sob um forte controle policial.
"Isto destrói o que restava de dignidade do sistema legal chinês", disse Xu ao ouvir a conclusão dos juízes, a quem alfinetou: "Sua responsabilidade é ser fiel à lei?"
Zhang Qingfang, ao centro, advogado e integrante do movimento "Novo Cidadão", fala à imprensa perto do Tribunal de Pequim neste domingo (26). (Foto: Andy Wong/AP)
China contra dissidentes
O julgamento de Xu é um dos processos contra dissidentes mais importantes realizados na China há anos porque evidencia o quanto o governo Chinês pode ser contraditório, já que lançou uma campanha contra a corrupção "em todos os níveis", ao mesmo tempo em que deteve e processou dezenas de membros do gruop de Xu que pede transparência no governo.
Como no dia do julgamento, fortes medidas de segurança rodeavam a corte em Pequim desde o começo da manhã, segundo pôde constatar a Agência EFE.
A imprensa não pôde se aproximar da sede da Justiça nem trabalhar com liberdade nos arredores já que toda a área está isolada e vigiada por policiais e agentes à paisana, que detêm os jornalistas.
Policiais chineses prendem fotógrafo que trabalhava próximo a tribunal onde foi lido o veredito de Xu Zhiyong. (Foto: Andy Wong/AP)
O ativista e professor Xu
Xu, advogado de profissão de 40 anos e professor da Universidade de Telecomunicações de Pequim, foi detido formalmente em julho de 2013 após se submeter a uma detenção domiciliar.
Ativista mais famoso a ser acusado nos últimos cinco anos, Xu era um dos analistas legais adulados pelo regime comunista até que fundou o 'Novo Cidadão' em 2012, que pede ao Governo chinês mais transparência e que aplique a Constituição.
Além de Xu, na quinta-feira foram julgados outros dois ativistas do movimento, Zhao Zhangqing e Hou Xin, em processos realizados também sob um estrito controle policial e entre denúncias de irregularidades por parte de seus advogados.
Outro acusado no caso, o milionário chinês Wang Gongquan, cofundador do movimento, foi posto em liberdade pagando uma fiança após admitir sua culpabilidade e assegurar que romperá seus vínculos com Xu, segundo o Tribunal Intermediário Número 1 de Pequim.
Diversas organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), denunciaram a falta de tolerância do presidente
Xi Jinping em relação a estes casos, e as ilegalidades cometidas nos processos, que consideraram julgamentos 'políticos'.
Como expressou Xu em sua apresentação do movimento, o 'Novo Cidadão' não quer 'ganhar poder, mas restringi-lo' e fazer cumprir a Constituição chinesa, garantindo os direitos dos cidadãos amparados na regulação.