Vamos praticar a tolerância?
(Aceitar não é concordar)
O Significado de “tolerância”
está alicerçado na Declaração de Princípios sobre a Tolerância, que diz :
Art.1º A
tolerância é o respeito, a aceitação e a apreço da riqueza e da diversidade das
culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de
exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a
abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência
e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem
ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma
virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de
guerra por uma cultura de paz. Baseado nesse artigo, podemos afirmar que a
tolerância está ligada aos direitos fundamentais básicos, que nada mais são que
os direitos universais. Sendo assim está intimamente ligada aos direitos
humanos, uma vez que é o que dá a base desses direitos. Ser tolerante não é
aceitar tudo, nem concordar com tudo simplesmente. Tolerar é ter respeito pelo
que é diferente, por outras opiniões, é entender que posso ter minhas ideias e
que o outro tem essa mesma liberdade de se expressar e de agir, sem que com
isso eu deva me sentir ofendido. Não é aceitar injustiças e sim compreender o
outro, praticando a alteridade, me colocando no lugar do outro e entendendo que
a diversidade é saudável. Não posso praticar a tolerância achando que sou
melhor, que aceito e entendo o outro e suas escolhas por que ele é inferior a
mim. Não devo encarar isso como um ato de benevolência como fazem alguns.
Como diz a carta
de princípios sobre tolerância, “a tolerância não é concessão, condescendência,
indulgência” Não é privilégio de alguns, mas sim, faz parte da vida das
pessoas, da sociedade como um todo. O Estado tem o dever de proteger as
liberdades fundamentais da pessoa humana e seus direitos, como liberdade de se expressar livremente, seu direito de
escolha, de credo, seus valores, as diversidades que fazem parte de cada
pessoa. O respeito às diversidades, seja de que tipo for, não implica em
aceitar que as desigualdades sociais e econômicas continuem fazendo mais
miseráveis, mais pessoas passando fome, desempregadas, ricos mais ricos e
pobres mais pobres. Não podemos permitir
sermos tolerantes com essa desigualdade que é opressora e que cada vez mais se
torna excludente, na medida em que põem a margem outros grupos sociais menos
favorecidos. A palavra chave que define Tolerância é respeito. Respeito ao
diverso, a posturas, crenças, ideias, modo de viver, respeito às
escolhas individuais, ainda que seja totalmente diferente daquilo que
acreditamos ser o certo. Ao contrário, a intolerância, não respeita, é
intransigente, não admite opiniões divergentes, é a incapacidade de aceitar a
posição do outro e achar que somente nós
estamos certos e com a verdade.
Existe uma parábola que conta que um pregador reuniu milhares de chineses
para falar-lhes sobre a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve
um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse
não é a verdade”. O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Anunciei o que
me foi revelado pelos céus!” O objetante retrucou: “Existem três verdades: A do
senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a
verdade verdadeira”.
O intolerante acredita que a verdade correta é a que ele
defende. Muitos conflitos poderiam ser evitados não fosse a intolerância.
Graves desrespeitos aos Direitos Humanos, guerras de todos os tipos, a
intolerância religiosa, motivo de tantos conflitos pelo mundo, a intolerância
política, étnica, racial, territorial, cultural e outras tantas que existem. A
falta de tolerância no mundo e a que nós mesmos cometemos às vezes, é algo
cruel. Como podemos achar que só nós temos razão e estamos certos e levarmos
essa crença as raias do ódio e da violência como acontece de vez em quando?
Queremos que o outro pense e aja como nós e nos tornamos os donos da verdade.
Isso também é uma forma de agressão. A intolerância nos leva a crueldade, a
prova disso está na história, está no noticiário, no nosso dia-a-dia.
É assustador pensar que podemos causar tanta dor e
sofrimento aos outros simplesmente porque não conseguimos aceitar que existem
outras formas de agir, de pensar, de ser e estar no mundo que não seja a nossa.
Todos os tipos de ideias, opiniões, gostos, posturas e escolhas podem e devem
coexistir pacificamente. Uma das formas de diminuirmos a intolerância no mundo
e na vida das pessoas é a educação. Já se disse que ela é a “ arma para mudar o
mundo” e acredito muito nisso. A educação ensina que o respeito e a tolerância
são fundamentais, retira o véu da ignorância e nos ajuda a superar as
diferenças. Está comprovado que as nações mais desenvolvidas e que tem um
melhor nível educacional são mais tolerantes com as diferenças.
Quando aceitamos algo não precisamos necessariamente
concordar, e quando discordamos não precisamos ser intolerantes e agressivos. A
mudança começa por nós, é individual. Ser intolerante acontece com a gente às
vezes, mas podemos mudar isso, estamos aprendendo aos poucos, vamos exercitar
isso nas nossas vidas, nas situações diárias que se apresentam. Mudando atitudes
e colocando mais amor nas nossas vidas, por nós e pelos outros. Vamos usar a educação para superar a
ignorância, para ensinarmos aos nossos jovens a fazer diferente, a pensar diferente,
superando a intolerância. O conhecimento pode fazer isso. Nós como educadores
devemos fazer parte disso, temos o dever de educar para as mudanças que
queremos ver.
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