terça-feira, 13 de outubro de 2015

Direitos Humanos: Organização católica denuncia «limpeza étnico-religiosa» no Médio Oriente


Agência Ecclesia
 

AIS/ACN



Lisboa, 13 out 2015 (Ecclesia) - A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) divulgou hoje um relatório em que denuncia a “limpeza étnico-religiosa” contra os cristãos no Médio Oriente e regiões de África, alimentada pela “ameaça” de genocídio feita por grupos islâmicos.
“O Cristianismo estará em vias de extinção no coração de muitas das regiões bíblicas no espaço de uma geração, senão antes”, alerta o relatório ‘Perseguidos e Esquecidos?’ sobre “os cristãos oprimidos por causa da sua fé”.
O documento, enviado à Agência ECCLESIA, aborda o período entre 2013 e 2015, identificando situações de perseguição religiosa “extrema” na Arábia Saudita, China, Coreia do Norte, Eritreia, Iraque, Nigéria, Paquistão, Sudão, Síria e Vietname.
A apresentação pública do relatório decorre às 18h00 na Sociedade de Geografia, em Lisboa.
Segundo o texto, 80% das perseguições são contra cristãos, “de longe o grupo religioso mais perseguido”, sublinhando-se o impacto crescente de extremismo em África e na Ásia.
O arcebispo católico de Alepo, D. Jean-Clement Jeanbart (greco-melquita), apresenta um testemunho sobre a situação na sua cidade, revelando que a catedral “foi bombardeada seis vezes” e a sua casa já foi atingida mais de dez vezes.
“Estamos a enfrentar a raiva de uma jihad extremista. Podemos vir a desaparecer em breve”, alerta, em nome das pessoas indefesas contra “os assaltos do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh)”.
“Somos o alvo principal daquilo a que o califado chama campanha de limpeza religiosa”, acrescenta.
Segundo a AIS, o medo do genocídio, “que em muitos casos tem fundamento”, desencadeou um “êxodo de cristãos”, nomeadamente do Médio Oriente e nalgumas regiões de África.
“A Igreja está a ser silenciada e expulsa do coração da sua antiga região bíblica”, observa a fundação pontifícia.
O relatório mostra preocupações com a ascensão de grupos militantes islâmicos na Nigéria, Sudão, Quénia e Tanzânia, bem como em relação à perseguição contra cristãos levada a cabo por “movimentos religiosos nacionalistas – muçulmanos, hindus, judeus e budistas”.
“Os regimes totalitários, incluindo a China, têm colocado cada vez mais pressões sobre o Cristianismo, que é visto como uma ameaça, quanto mais não seja devido ao seu crescente apoio ‘clandestino’”, pode ler-se.
Catarina Martins Bettencourt, que dirige o secretariado português da Fundação AIS, explica à Agência ECCLESIA que “desde o último relatório não há melhorias” e mostra “grande preocupação” face às notícias que têm chegado desde o Médio Oriente.
“Há o risco real do desaparecimento do Cristianismo destes países”, insiste.
O novo relatório apresenta testemunhos de “pessoas que estão efetivamente a ser perseguidas por serem cristãos”.
Para este trabalho, a Fundação AIS entrevistou sacerdotes, bispos, religiosas e leigos, compilou testemunhos de pessoas que vivenciaram casos de violência e consultou notícias publicadas pelos meios de Comunicação Social locais.
A AIS, que assinala 20 anos de presença em Portugal, convidou para a apresentação deste documento D. George Jonathan Dodo, bispo de Zaria, na Nigéria; o padre Aurèlio Gazzera, carmelita descalço na República Centro-Africana; e a irmã Annie Demerjian, a Congregação das Irmãs de Jesus e Maria, em Alepo, Síria.
OC

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