INTERNAÇÃO
COMPULSÓRIA
Sabemos que as drogas
destroem um ser humano, tanto física quanto moralmente e emocionalmente.
Destrói as famílias e as pessoas que convivem com o usuário de droga. O uso de
drogas, mais especificamente aqui, vamos falar do uso do crack, não é um
problema particular, mas sim um problema social, que atinge todas as camadas
sociais. O Crack é uma mistura de cocaína com bicarbonato de sódio e outros
compostos químicos prejudiciais à saúde. Geralmente é fumado com cachimbos
feitos em PVC, seu efeito é quase imediato, em 15 segundos já atingiu o cérebro
e começa a produzir efeitos no corpo humano.
Seu efeito dura aproximadamente 10 minutos, e a partir do
primeiro uso da pedra, o vício é quase certo. A facilidade com que a droga é
encontrada, o preço baixo, aliado ao
efeito que ela provoca que é intenso e muito rápido, faz com que tenha se disseminado como se fosse uma
epidemia. A Universidade Federal de São Paulo divulgou um estudo no ano de 2012
que coloca o Brasil como o maior mercado consumidor de crack no mundo. É uma
droga barata, cinco vezes mais potente que a cocaína, mais acessível que outras
drogas e difícil de largar.
Sabemos que para deixar esse vício é necessário muito
mais que força de vontade e o apoio da família. São necessárias ações que
inibam o consumo dessa droga, o combate ao tráfico, e ações que ajudem a tirar
do vício aqueles que já estão. Investimentos em programas de auxílio aos
dependentes, investimentos em capacitação de profissionais da saúde e outros
que trabalham com a dependência, investimentos em clínicas de reabilitação,
programas do governo, políticas públicas, a união entre os governos estaduais
municipais e o governo federal. Temos que entender que o trabalho começa com a prevenção,
e que o crack virou uma “epidemia”.
Baseado no fato de que o crack é uma droga que tem um
efeito devastador muito agressivo no corpo humano e não permite que o usuário
tenha discernimento sobre o que é melhor para ele, surgiu uma proposta de política pública que prevê a internação compulsória dos
dependentes químicos. A polêmica está instalada. Todo mundo quer opinar, os que
são a favor acham que essa medida é mais eficaz que a prevenção, e é o que tem de mais eficiente para salvar a
vida do usuário e livrá-lo do vício pra sempre. Os que se posicionam contra,
entre outros argumentos, dizem que a medida é inconstitucional. Fere um direito
fundamental do ser humano, que diz respeito a nossa liberdade e ao nosso livre
arbítrio, o direito de locomoção e o direito de decidir sobre sua vida.
É claro que a medida vai necessitar do aval de um médico,
não será feita de qualquer maneira. Sabemos que o uso desenfreado da droga
aniquila e leva o ser humano a degradação completa, leva ao crime, a
marginalidade, ás ruas, só o que importa é acalmar o vício aumentando o uso da
droga. O problema existe e ainda não
temos noção exata do tamanho que ele tem, porque agora é que estão sendo feitos
estudos mais detalhados sobre ele. É necessária a união de todos os setores da
sociedade, somente com a participação de todos podemos pensar ser viável não
perdermos tantas vidas para essa droga. A internação compulsória a meu ver vai
ajudar a preservar vidas, quem sabe acabando com o vício que leva a morte. A
compulsoriedade da internação está diretamente ligada a incapacidade que os
usuários do crack possuem para decidir qualquer coisa, sem mencionarmos o fato
de que procurar a internação por livre e espontânea vontade é algo muito
difícil de acontecer, mesmo estando plenamente capaz de decidir, as pessoas tem
dificuldade em reconhecer que possuem um vício, normalmente acham que podem
parar no momento que quiserem A
internação compulsória não pode vir sozinha, há que se ter uma ação conjunta em
que entre a prevenção e o combate ao tráfico também.
É um tema complexo que trata uma questão muito grave, e
essa medida apresenta prós e contras. Deve ser bem avaliada, levando-se em
consideração todos os aspectos envolvidos, que são muitos. A participação da
sociedade civil e a conscientização de que é preciso agir é de fundamental
importância. O direito à vida é um dos direitos fundamentais do ser
humano. Vamos preservar a vida !
Mariene Hildebrando de
Freitas
Professora e especialista em
Direitos Humanos
Email:
marihfreitas@hotmail.com
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